A classe de professores mais desvalorizada da rede



A classe mais desvalorizada de professores da rede municipal de educação, sem sombra de dúvidas,  são os de apoio pedagógico educacional. Estes profissionais, no qual eu me incluo, trabalham 25 horas aulas em sala de aula, recebem apenas por 20 horas de trabalho. Tem o direito à Lei do Piso (Lei nº 11.738/2008), na qual estabelece que a carga horária dos professores deve ter, no mínimo, 1/3 destinado a atividades extraclasse, sem direito à remuneração pelas horas excedentes. Aqui não estamos falando de horas de trabalho em sala somente. Esses profissionais trabalham muitas horas em suas casas, muitas vezes, privando outros setores de suas vidas como a família, o lazer e os estudos. 

Cumprem toda rotina escolar, sem direito à formação continuada ofertada pela rede dentro do seu horário de trabalho. Quando lhes é ofertado formação é preciso que sacrifiquem suas noites, após uma rotina de 20h ou 40h de trabalho, mais uma vez, reitero, sacrificando suas famílias, seus amigos, seu momento de descanso. 

Nosso trabalho é árduo, embora muitos pensem o contrário. Dedicamos nosso saber aos que mais precisam de nós: os alunos público-alvo da Educação Especial. Estamos comprometidos com eles, em diversos momentos, aplicamos práticas pedagógicas e metodologias diferentes para que eles alcancem uma ou mais habilidades por dia. Nós acreditamos no potencial desses alunos. Vibramos com uma conquista, por menor que ela pareça ser para outros, para nós é sempre um grande avanço. Ao mesmo tempo que também nos frustramos quando estes estudantes não avançam como gostaríamos ou os resultados precisam de muito mais tempo para aparecer. Consigo lembrar todos os dias de preocupação com a aprendizagem dos alunos e de como resolveria tal situação. Somos profissionais: professores. 

Além disso, somos entendidos como uma subcategoria de professores, em vários casos tratados como um alguém desqualificado, quando, na verdade, todos somos especialistas. 

Talvez uma família atípica possa entender o que é um Professor de Apoio Educacional porque, sem sombra de dúvidas, passam por desafios com a criança semelhantes às emoções que vivenciamos com elas, a diferença é que somos especialistas e buscamos a melhor forma de tornar possível a aprendizagem e o desenvolvimento daquela criança/ adolescente. 

Retorno ao início: a classe mais desvalorizada da rede não recebe pelo que trabalha, não tem reconhecimento social, tem seus direitos ao estudo e planejamento negados, mas está aí fazendo diferença na vida de muitas crianças que só querem ser lembradas, respeitadas e ter seus direitos garantidos assim como nós!

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