A. O

Aquele menino do sorriso tímido, de mãos pequenas, olhar desconfiado. Um dia encontrei-o nas escadas com largo sorriso, palavras aleatórias que saiam sem pressa vindas de uma grande gargalhada. Enquanto falava eu olhava atentamente seus olhos que sempre fugiam dos meus, analisava cada frase que me dissera. Nunca antes havia tido uma conversa tão agradável. De repente estávamos falando sobre um pouco de tudo, perpassamos por muitos caminhos em uma madrugada estranha, que certamente mudaria o destino de nossas vidas dali para frente.
Contou-me sobre como havia sido sua semana, sobre seus projetos do futuro e como chegara tão feliz até mim, havia bebido um pouco. Estava alegremente alterado. EU disse que das próximas vezes que viesse me ver deveria manter toda aquela alegria. Por alguns instantes me senti muito íntimo. Foi como se não houvesse entre nós os 9 anos de diferença que eu fazia questão de lembrar, como  se já fizéssemos isso de ficar conversando madrugadas juntos por mais de uma vez. Senti - me parte de você por um momento, e você sentiu-se parte de mim; eu conseguia perceber pelos seus olhos. Talvez por isso você desviasse eles de mim, para que sua verdade não fosse corrompida com a minha experiência de vida.
Nunca antes alguém despertou tamanhas sensações em mim,  nunca antes houverá visto um ser humano tão humano na minha frente. Cheio de preceitos sim, mais ao mesmo tempo livre deles. Perguntei o que eu era para ti, tu me disseste que eu era um conhecido. Quanta imaturidade a nossa, não falariam metade do que falamos a um conhecido. Nosso elo já está criando, somos amigos, apenas não temos a total confiança nisso, que surgirá com o tempo.
Você despertou em mim desejos, vontades incontroláveis que eu a muito tempo não sentia. Procuramos entender do porque estávamos ali, os dois, juntos, sentados, falando da vida. E ao mesmo tempo em que eu te admirava como ser humano, eu o admirava também como homem. Queria beijar seus lábios, sentir você mais perto. Estava desconsertado com tanto encanto.
Pedi- te várias vezes para que eu pudesse avançar os limites da amizade; você disse que naquele momento não - eu poderia te-lo feito, mas nunca me perdoaria se o perdesse da minha vida por isso. Preferi me segurar à te perder.
Falamos sobre Esperanças e medos. Eu disse: "Já pensou como seria se as pessoas não sentissem medo ?"  Você disse que o que vencia o medo eram as esperanças, então eu disse que ainda havia esperanças com você. Silenciamos. Mostre-lhe como era bom as massagens que havia aprendido, até que involuntariamente me deitei em seu peito. Ouvi seu coração bater e tive a certeza de que nada acontece por acaso. Quis  te abraçar forte, e assim o fiz. Deite-me de novo um pouco mais descontrolado, em uma briga esterna lutei para não o beijar; não resisti - tentei. Não aconteceu, você sentiu-se incomodado. Pensei: Agora eu o perdi.
Você está bem ? eu disse. Estou. Você respondeu sem me olhar. Estava com vergonha porque havia ficado exitado. É normal, eu insisti. Quer ficar sozinho? Sim. Beije-lhe a testa, e disse que esse era um gesto de respeito. Entrei. Chorei.
Você disse me que queria ver o Sol nascer. Isso fazia todo sentido, ver o sol nascer e renascer com o sol. Criar uma nova vida. Criar um novo eu. Você mudou quem eu sou, e eu mudei quem você é. EU aprendi muito com você em uma noite, o que anos a mais de vida não me ensinaram. Obrigado.
Deus sabe o que faz, não resta a mim entender. Foi a primeira vez que eu te vi sendo você, sem medo de ser. E foi a primeira vez que eu fui eu sem medo de ser.
"Mais com você eu posso ser, até eu mesmo que você vai entender " - Guarde essa canção.

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