O PARTO

Partir... Ir de um lugar à outro. Ato de movimentação.
Não é tão simples assim, quando a partida é regada de desejos que gostaria de permanecer.
Os laços que envolvem o medo, a mudança, os astros que contemplam ou não o seu destino, tudo isso  vem com o parto.
Certamente já me vi assim em outras situações, mas haviam abraços de amigos, apoio de mãe (ainda há, mas a 1000 Km de distância, fica tudo difícil)... Venho de um lugar onde as pessoas torcem pelo nosso bem, de onde a felicidade do outro é o nosso prazer. Não consigo lidar direito com a ideia de algo bom para outro venha cheio de pessimismo.
Os entraves que nos cercam, as dores que nos lamentam, os medos que nos corrompem e as incertezas de uma partida, envolvem uma escolha. Partir não é fácil.
Temos um tempo cronológico quando somos um feto e somos paridos (O parto) quando estamos prontos, ou quando acham que estamos. Em sua maioria somos bem recebidos, mas alguns sofrem com o parto a dor do abandono, da lamuria, e outros morrem. Talvez por isso temos tanto medo de partir...
Eu tive que partir a dois anos para um lugar estranho, desconhecido... cá estou, cheio de vontades, conectado em uma outra realidade que tem haver com a minha história, mas que não parece a minha. Agora, os laços que preenchiam minha solidão se partem, caminhos se abrem, com eles novas oportunidades surgiram, mas algo me cega à ver apenas as dificuldades a serem vencidas. E isso está me partindo a partida.

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