Estilhaços de amor


Eu achei que só o amor bastava. Achei que só o cultivo resolveria  a secura. Achei que as coisas poderiam ser resolvidas com diálogo. Achei que daria conta de esperar o tempo do outro. Achei que a paciência era uma virtude e que isso faria com que os caminhos continuassem se cruzando. Acreditei que as palavras eram impensadas, as atitudes eram incoerência e a quietude solidão e reserva. Então, eu percebi que só o meu amor não basta, que não posso amar por dois: porque eu também preciso me amar!
 Entendi que quietude e secura são respostas sem palavras. Que não havia diálogo, apenas um longo monólogo que ninguém ouvia, nem eu mesmo, senão saberia o que fazer. Compreendi que o tempo só revela aquilo que a gente se nega a ver, mas que sempre esteve ali. Compreendi que paciência não muda caminhos, apenas adia atitudes que poderiam nos trazer paz. Entendi que as palavras impensadas são elos  do inconsciente incorporadas em ação para que possamos mais ouvir do que falar. Vi que  inocência e quietude são demonstrações de interesses particulares que não me incluem.
 Daí, eu parei escrevi isso. E daqui pra frente depende de onde você quer estar, porque eu sei que caminho percorrer para descansar. 

Segunda, 29/12/2021, Madrugada, Piracicaba-SP. 

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