Os meninos


Os meninos sentados, olhando o Sol.

 

(...)

 

- Ow, corre! CORRE! Gritou o menino mais alto.

O menino mais baixo, espantado com o grito, saltou ao pulsar do coração.

- Mas para onde? Disse ele.

- Corre menino... Corre... Apanha aquele coração... Guarda forte e proteja-o contra os outros. Estão querendo um pedaço dele também, seja forte, guarde-o dentro do seu coração.

- Mas, como eu posso guardar aquele coração se o meu próprio está à deriva?

- É aí que você encontra força, junte o seu coração e aquele coração. Faça que ele se uma e vire apenas um... Deixe que um coração sare a dor do outro, limpe a magoa do outro, lave o passado do outro, entenda o outro, ame o outro e seja o outro. Vai, anda, o coração precisa palpitar. Não está vendo que sem você aquele coração pode parar?

O menino mais baixo fixa seu olhar no coração, estende as mãos, porém seu braço parece ser curto demais para alcançar o coração desejado; amado. O menino mais alto, que a este ponto também já se desesperava, estende também a sua mão. Com lágrimas nos olhos os dois vêm aquele coração fraco se tornar forte. Sua cor volta a renascer, o vermelho de sangue cobre novamente as cavidades do coração e ele pulsa firme.

Eles se deparam então com dois corações, unidos, fortificados, renovados a cada queda, e transformados por amor, por amizade, por amor, por amor e por amor, e por amizade e por amor.

- Entenda que nasce um horizonte, que depende da sua mão, do meu passo, do mesmo coração que agora é apenas um. Está vendo o caminho lá na frente? Quanta sujeira, quanta inveja, quanta maldade, quanto ciúmes, quanto desespero. Olhe aquele labirinto... Pessoas que riem, almas que festejam, mãos prontas para nos agarrar. Vai ser difícil, doloroso, mas regado com sangue de dois corações unidos, unificado com a mesma vontade e a mesma força... Ora de um coração, ora de outro... a gente vai conseguir seguir. Disse o menino mais alto, depois de refletir sobre a vida com o menino mais baixo.

- Sim, mas olhe bem o caminho. Veja que entre um desespero e outro, existem anjos cobertos, abraços escondidos, existe perdão e existe amor. Olha... Está vendo... Bem ao fundo... Quase não dá para ver... Mas existe ali um Sol irradiante e lembre-se que ninguém consegue apagar a luz do sol, nem mesmo a lua... Porque ela não tem luz própria, ela só brilha porque entra na frente do sol. Observou o menino menor.

 Ouve-se o som do coração, refletido no silêncio das palavras, exaltado no calor de um abraço.


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