Os móveis


Fiquei pensando nos móveis.

Esta semana fomos trocar o trilho de correr de um paneleiro. Já faz anos que ele estava quebrado e a gente ia levando assim. Sofrendo um pouco para abrir ou fechar. Fazendo sobrepeso na gaveta de baixo. Então, finalmente fomos até uma loja e compramos o trilho. Custou 12 reais. A instalação foi mais simples do que pensávamos. Agora a gaveta corre tranquila pelo trilho sem esmagar a de baixo. É outra vida um trilho novo.

Acho que aqui percebemos grandes diferenças. Eu, sou o cara que viu a gaveta quebrada e dizia: “precisamos trocar esse móvel”. Ele é o cara que dizia: “vou comprar um trilho novo”. Por mais que a estética do móvel não esteja ruim, que ele aparentemente aguenta mais longos anos a frente, na minha concepção, fui adiando o problema, mas já pensando em sua substituição. Ele, por sua vez, só pensava em consertar o trilho e seguir com seu móvel.

Essa história não é sobre os móveis. Isso fala da gente. Acho que eu levei móveis “quebrados” por muito tempo para poder troca-los com a sensação de que vivemos muito ao invés de cuidar do móvel, trata-lo até que ele voltasse a desempenhar bem sua função.

Eu acho que eu tenho um pouco isso. Quando vejo os problemas, até falo deles, mas não penso em resolver (na verdade penso até demais, mas não os soluciono). Ele, por sua vez, anuncia o problema, propõe soluções para corrigi-los, porém não vê a necessidade de trocar algo do qual vivei muito, ao contrário, enxerga como é que será os próximos anos.

Eu não sei se estou estacionado em mim mesmo por tanto tempo que reproduzo ações e falas que se desconfiguram do meu momento atual ou se eu tenho vício em substituição de móveis.


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