Um homem, Frio

Era um dia frio e tudo que eu queria era sentir-me aquecido. O mundo havia congelado os meus sentimentos, sonhos, desejos, ideais. O coração pulsava com lentidão como se o frio que fazia lá fora o fizesse parar aqui dentro. Pelo caminho na rua gélida, eu via pessoas, quentes, bem agasalhadas. Assim, eu também estava, mas não sentia me confortável. O frio que sentia não era apenas sensorial, tão pouco metafórico, era verdadeiro- de dentro para fora - quase não conseguia seguir em frente. Tudo o que eu queria era me fechar como em um casulo, parar ali e esperar que o sol aquecesse o meu eu.
As estações mudaram -fazia 40º, mas eu ainda estava abaixo de zero. Nenhum abraço conseguia ascender o meu corpo. A fogueira tinha como sua parceira um balde de gelo. Agora estou aqui, escrevendo palavras frias, cheias de sensações quentes que precisam florir; com aquela vontade de sentir o frio na barriga, que acelera o coração, que entra em constante ebulição com um só toque, que transcende de desejo com um olhar, que pegue fogo, que seja quente, que traga segurança, amparo, amor - daqueles que nenhum iceberg  congela, daqueles que faz com que todos se derretam!

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