LUTO


Entramos em luto em diversos segmentos da vida. Deixamos morrer os sonhos, as esperanças, as vontades, as certezas, os valores... Mas a morte mais forte é a de alguém. Fomos ensinados culturalmente a não lidar com a morte. Dez de pequenos ouvimos: “ Quando eu morrer, não quero você chorando no meu caixão, aí não adianta mais”, e vamos tratando o desprender de alguém como algo ruim.  Outros lugares celebram a morte como a passagem da vida mundana para a vida celestial, motivo de felicidade e alegria.  
Ontem dia 26/12/2015 a família perdeu uma tia querida, irmã da minha avó. Não é uma tarefa fácil lidar com a memória, lembrar dos momentos e saber que outros como aquele não aconteceram novamente.  Imagens de outras perdas passam por nós. Transcendem uma dor que não sabemos ao certo como desmembrar para que nós mesmos estejamos vivos.  Cada abraço recebido era um pouco da morte que nos apunhalava, cada lamento, cada “pêsame e sentimento”, serviu para reafirmar a realidade não aceita: A Morte.
Por algum motivo, estávamos todos fortes. A religião faz todo sentido nesse momento. Faz entender coisas que não entenderíamos. Nos faz unidos e fortes, coisas que vão alem das palavras; que encontram-se no silêncio. Cada vida próxima que se vai, abala nossos pensares, nosso agir com a gente mesmo; pelo menos naquele momento. Então família, peso em nome de todos os que nos procederam e encontram-se em outro plano; não nos deixemos de amar, de perdoar e de nos reunir. Perder um membro “chave” da família causa dispersão, isolamento, mas não deixem que isso aconteça. Façamos melhor, sejamos um só corpo e um só espírito. Assim constitui uma família, onde todos surgiram de um amor (e mesmo os que não são por amor, percorrem laços de amor em algum momento), todos vieram de uma única fonte, isso significa que todos devem estar juntos, embora cada um viva sua vida de modo diferente. Tenham  isso em mente.

Façamos que as lembranças sejam apenas de bons momentos, que a saudade seja abatida com um abraço familiar, porque no fundo, todos somos um pouco de cada um. 

Comentários

  1. A morte física certamente é impactante. Quem gosta de perder ? Não é fácil aceitar perdas, sejam elas materiais ou “imateriais”. Um ente querido que se vai, um grande amor desfeito, ou até a morte daquele seu cachorrinho de estimação, que você tanto gostava... Nem sempre é simples lidar com lembranças, sejam elas boas ou ruins. São cicatrizes, algumas dolorosas que nunca se fecham e a saudade é eterna. Sempre queremos voltar atrás... Mas afinal, o que é viver ou morrer ? A morte é um paradoxo. Alguns escolhem ou se deixam morrer em vida, numa eterna angústia. Se isolam, se fecham para o mundo, se afastam de todos e de si mesmos... É a tal "morte social". Outros escolhem viver no passado, achando que só eram felizes antigamente. Há vários tipos de morte. Sem querer, esbarramos todos os dias em verdadeiros "zumbis" e não nos damos conta disso. São mortos-vivos... Alguns ousam fazer como a fênix que morria e renascia das próprias cinzas. Esses, apagam as chamas torturantes do passado e renascem para trilhar um novo presente e futuro. Criamos as nossas "muletas psicológicas" para nos apoiar nesses momentos difíceis, mas no nosso inconsciente, a incerteza quase sempre reina absoluta. Alguns se apoiam na fé, na espiritualidade. Outros se revoltam, procuram caminhos obscuros e se perdem cada vez mais. É reconfortante pensar que um dia reencontraremos aquilo que perdemos, é como uma criança achar aquele brinquedo perdido que ela tanto gosta. Orson Welles disse: “Nós nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos. Somente através do amor e das amizades é que podemos criar a ilusão, durante um momento, de que não estamos sozinhos”. Então, se a morte é inevitável, vivamos a vida enquanto há vida. Sejamos intensos, mas criteriosos, sem exageros. Abrace mais, beije mais, ame mais e, principalmente, se ame incondicionalmente. Não tenha vergonha ou se intimide. Às vezes, arriscar é bom, não custa nada tentar. Nunca é tarde para mudar, “renascer das cinzas” e curar nossas feridas. Dê o primeiro passo... Mas apresse-se, pois o tempo não para. A contagem regressiva já começou desde quando nascemos...

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