Para meus colegas de Profissão (professores)

Sempre tive um carinho e admiração enorme pelos professores. Mesmo os que considerava ruim em sua didática. Tanto, que me tornei um. Por influência de outros, por acreditar que o ensino transforma vidas, assim como a minha. Filho de uma ex-trabalhadora rural que , hoje, é mestre por uma universidade federal. 
Nos últimos dias, após nove anos de formação, tenho visto um desprestígio cada vez maior para esta profissão. Somos atacados pelo governo, dados como doutrinadores. Estamos em conflitos com pais que só querem saber dos direitos dos filhos, sem antes entender os deveres, as regras, as normas, os regimentos escolares. Vivemos em um tempo em que há apenas direitos (e não é o nosso). 
Estamos sendo responsabilizados por ensinar disciplina ao aluno que não entrega um trabalho no prazo, por separá-lo do colega que só conversa, por avisar os pais que o aluno não cumpre as tarefas, e, mais recentemente, por não "ter uma arma" para defender os alunos de um massacre, quando em nossa função, entregamos nossa vida (social, familiar), nosso salário (ganhando pouco, comprando material para os alunos ou para escola), nossa saúde (metade dos meus colegas de profissão tomam algum medicamento para ansiedade, depressão entre outros). 
É de assustar. 
Quero que saibam, que nós, professores, não somos autoritários quando não deixamos os alunos entregarem um trabalho fora do prazo, pelo contrário, estamos adiantando o senso de responsabilidade que a vida e o mundo vai exigir dele quando for um adulto. Não estamos implicando com o aluno quando mudamos ele de lugar na sala de aula, estamos dando uma segunda chance e pensando no aprendizado dele, para que ele possa apreender sem distrações. Não estamos punindo um aluno quando fazemos uma anotação em seu caderno, estamos ensinando que ele precisa de organização de seu tempo. Não somos insensíveis, sabemos que a maior parte dos alunos possuem problemas pessoais (dos quais não somos comunicados pelos mais em grande parte dos casos) que causam a maior parte dos problemas de organização e comportamento por parte dos alunos em sala de aula. E digo mais, na maior parte das vezes, somos nós que olhamos para eles e dizemos: independente de tudo, nós queremos que se dedique e chegue onde ninguém quer acreditar. 
Mas, e quem pensa na saúde dos professores?  Sabemos da nossa responsabilidade com o ensino. Buscamos métodos diferentes para ensinar, estamos sempre em formação, em atualização. E, acredite, não há ninguém querendo o bem dos alunos como nós. E isso nos adoece. Saber que um aluno não se desenvolve porque não tem condições emotivas e, a maioria, sociais para conseguir apenas se preocupar com os estudos. 
Eu disse EMOTIVAS e sociais. Mais a primeira que a segunda, isso porque dinheiro não compra amor, atenção, carinho. E isto, tem faltado também em casa. E nós, percebemos isso. 
Não tenho dúvidas que nos colocaríamos na frente de um atirador para defender um aluno, mesmo que este seja o mais levado, que voltaríamos para resgatá-los de um incêndio. O que há na mídia, não chega perto do tanto que nos doamos a esta profissão. Nenhum de nós é herói. Somos profissionais e, além disso, somos tocados pelo afeto que construímos dia a dia com os alunos. Choramos por eles, brigamos com eles, adoecemos por eles. Não por serem um fardo e sim, porque a sociedade não compreende o que é ser professor. 

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