Estar AQUI
Hoje eu queria conversar comigo mesmo. Abrir meu coração e
falar de coisas que eu não sei muito bem o que são. A primeira coisa que você
precisa saber é que eu tenho um espelho diferente, ele chama-se papel. Nele eu me vejo e tento me
entender, isso aqui é um pouco dele também.
Tenho estado a alguns dias um pouco triste, me sentindo
sozinho. Estou a 900 KM de distância da minha família e parece que essa
distância refletiu em quem eles são sem mim. De alguma forma eu conseguia
contribuir com a formação dos meus irmãos, eu podia vigia-los, era alguém que
estava ali de olho mesmo que indiretamente. De alguma forma, ora ou outra eu
ria com meu sobrinho, beijava-o e ora ou outra, ele me tirava do sério. Mas eu contribuía
na formação dele. Estou aqui, longe. Vejo os problemas que acontecem por lá,
vejo o abraço que não posso dar, vejo a força que eles tentam me passar mesmo
não tendo força nenhuma. E digo, dói, dói muito não estar presente, mesmo que
seja apenas para transmitir alguma coisa com o olhar.
Aqui, outras coisas me preocupam. Eu sinto muita coisa aqui.
Sou sentimental por natureza, mas recebi um dom de super herói que me tira o
sono; ampliaram meus sentimentos, duplicaram, quadruplicaram, eu não sei ao
certo o que fizeram ... Mais o que era intenso, agora é quase que uma ferida
exposta.
Meu tempo está encurtando, 6 meses é o prazo médio para
alguém se estabilizar em outro lugar; dizem as pesquisas. Estou a quase 4 meses
aqui, consegui o básico mas sinto falta da minha comodidade. Sinto falta do meu
carro, da minha moto, dos meus amigos, da minha família, do meu emprego, da
minha liberdade financeira. Sinto falta de tudo.
Eu tenho tentado me lançar em tudo que vale a pena, me
lancei em Dourados, me joguei no Mato Grosso do SUL, me atirei em uma república
com 5 pessoas diferentes. Me agarro aos relacionamentos... eu preciso criar
alguma coisa aqui. Eu não posso estar sozinho. Eu não sou bom sozinho. Não
posso perder as pessoas boas que se aproximam de mim. Não posso sufoca-las. O
amor as vezes sufoca.
Quando estava em casa, eu me sentia sufocado. Prezo.
Descobri que essa sensação vai além do limite territorial em que estamos. Esta
escolha foi minha, como o modo como eu vivo aqui também é. Não estou me
queixando disso. Só estou expondo que sou um ser humano. Que preciso de abraço,
que preciso confiar nas pessoas mesmo sem conhece-las direito; por livre e espontânea escolha.
Sinto-me muito confuso aqui. As pessoas não estão preparadas
para serem intensas e nem para a MINHA intensidade com elas. Isso não é mais uma crise. São duas horas da
madrugada, uma quarta-feira, logo mais tenho duas provas práticas e continuo
acordado. Meus olhos querem fechar mas meu pensamento não cessa.
Eu sou um adulto sendo um adolescente fora do tempo. Preciso
de amigos da minha idade, preciso de um emprego (não apenas pela liberdade
financeira de poder “gastar”, mas pelo fato de ocupar meu tempo), preciso estar
aqui. Eu tenho me entregado a este lugar. EU NÃO SAÍ AINDA DE ONDE VIM.
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