Ser inteiro e não pela metade


Tantas vezes eu quis deixar de ser eu, de sentir com tanta intensidade coisas que eu não consigo controlar. É difícil estabelecer relações entre o que somos, o que criamos e o que sonhamos. As realidades se misturam dentro de nós ao ponto de não nos reconhecermos, ou, de reconhecermos que mudamos, mesmo já tendo passado por isso.
Li a frase esta semana que dizia mais ou menos assim: "Hoje em dia é difícil encontrar alguém que nos tira sorrisos, quando encontramos, o valor é duplo". De fato, tenho que concordar que nesses tempos de liquidez, qualquer coisa que nos dê uma esperança de solidez nos preenche e envolve-nos de uma forma muito rápida e , muitas vezes, rasteira.
As coisas sempre acontecem como tem que acontecer, mas não podemos ficar parados, quem tem objetivos e os busca, tem mais 90% de chances de alcança-los.
Pessoas intensas como eu sofrem em um mundo em que o vazio domina, em que algo diferente se torna novidade, mas algo envolvente causa pânico, medo, assombro. Estamos tão acostumados com discursos de liberdade, de amor próprio que acreditamos, tantas vezes, que tudo isso não conseguiria andar de mãos dadas a um outro alguém.
Penso, que aos 31 anos bem vividos que possuo, deveria estar acostumado com o despreparo das pessoas em querer amar, ou no não querer ser amado. Acreditei que eu jamais cairia no mesmo vacilo, porém, a vida nos leva a destinos iguais de formas diferentes e como sobre-viver? Como sair ileso? Não demostrando emoções, não sorrindo, não despertando afetos, ou melhor, não deixando ser afetados?
Já vivi em uma caixa, uma redoma de vibro blindado que achei que seria impenetrável, que jamais sorriria do nada, que nunca mais me alegraria com uma mensagem X, que eu não sentiria medo, abalo, desestrutura por algo que não me é compartilhado; eu estava prevenido, vivi assim por cerca de cinco anos, inabalável.
Confesso, a redoma é um campo de proteção maravilhoso, nada me abala, nada me atinge, somos invencíveis, não vão nos tirar uma felicidade que não existe... Sabemos que não é assim, que no fundo do nosso inconsciente há um desejo de partilha. Eu disse de partilha e não de pertença. Partilhar a vida com um outro alguém é sublime, mas o que nos impede? Nosso egoísmo? Não, pois não acredito que um pouco de egoísmo seja ruim, porque, para mim, ele está relacionado ao amor próprio. Contudo, o amor próprio é incapaz de ser partilhado?
O que nos afasta de pessoas intensas e relações duradouras é o medo de sermos desnudos, de sermos observados de perto, longe das redes sociais onde os mundos ão perfeitos, as pessoas alegres, os corpos belíssimos. Morremos de medo de nos sentir presos, demos o grito do Ipiranga e não nos vemos engaiolados. Como se precisasse ser desta forma. Não há uma maneira de ser livre e compartilhar ao mesmo tempo? Há sim, mas não tem receita, é preciso descobrir no dia a dia, a cada segundo, em torno de todas as adversidade que possam ocorrer e isso meu bem, não é para todos!
Você, corre ou dá a mão? Anda para trás ? Para frente?Ou anda junto? Apoiando-se ao outro quando quer cair?
No fundo, o medo é de olharmos para nós mesmos através do outro.

Post dedicado a todas as emoções que sinto dos dois últimos anos até aqui.

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